segunda-feira, outubro 14, 2013

Meus bons professores

Tive bons professores. Algo que foi fundamental em minha vida.
Também tive professores que não foram bons. Não sei dizer porque eles não foram bons. Simplesmente não fizeram parte do grupo dos bons professores. Muitos deles foram para as áreas obscuras de minha memória.
Dos bons professores eu me lembro bem. Mas, seria inútil apresentar aqui os nomes deles. A lembrança do que eles foram é mais importante. Não estou querendo dizer que todos foram iguais. Cada um deles era uma singularidade. Foram os meus bons professores e foram importantes. Isso basta. Considero que eles não estão presentes em mim. Afinal, eu também sou uma singularidade. Mas eu não seria o que sou sem eles.
Meus bons professores eram pessoas de grande cultura. Penso que isso é essencial. Eles sabiam muito mais do que aquilo que ensinavam. É importante dizer, eram capazes de transitar por campos que não se ligavam diretamente ao que ensinavam. Muitas vezes isso aparecia nas aulas e era uma agradável surpresa. Mostrava como uma aula podia ganhar contorno e cores vibrantes.
Todos eles sabiam do que falavam. Tinham um domínio sobre aquilo que ensinavam de tal modo que era confortante na medida em que a segurança deles parece que transbordava para nós alunos. É claro que isso não significava infalibilidade. Era apenas uma garantia, a confiança tão necessária para as relações entre as pessoas. Isto é, era possível confiar nos meus bons professores.
Contudo, há algo que era fundamental. Os meus bons professores viam os seus alunos como possibilidades interessantes. Acreditavam que poderíamos aprender e ser importantes a partir daquilo que aprendíamos. Ou seja, se de um lado eu confiava neles, de outro eles confiavam em mim. Essa perspectiva foi o mais importante. Afinal, educação é uma aposta no futuro.
Os meus bons professores enxergavam em mim aquilo que eu ainda não via. Penso até que eles viram muito mais do que aquilo que eu mesmo vi.
Aos meus veneráveis bons professores, mais do que a gratidão, o meu respeito.

segunda-feira, setembro 16, 2013

A voz da rua é a que vale?


Quando eu vejo manifestações que sugerem que o que vale é a "voz das ruas" e que as garantias de ampla defesa são "uma vergonha", eu lembro de "Mesmo que ela fosse criminosa...", esse filminho que mostra "o outro lado" e nos revela a irracionalidade a que isso leva.
Será que os filhos da pátria avançam para isso?
Será que essa é a liberdade querida?
Será que ao invés do dia de glória é a tirania que chegou? 


Infelizmente não é possível incorporar o filme aqui (parece que há algum impedimento). Mas você pode assisti-lo no YouTube, clicando aqui.


quinta-feira, junho 21, 2012

Vidas secas

Li Vidas secas com 13 anos de idade.

Obrigação escolar que Dona Rosalina, minha professora de português, nos havia passado.

Já era razoável leitor, mas esse foi o primeiro livro que me causou emoção. Chorei ao final do capítulo Baleia e os olhos marejam quando me recordo disso escrevendo este post.

Descobri assim o que é uma obra de arte.

As cargas de chumbo no lombo da indefesa cachorrinha doeram dentro de mim. Que crueldade.

Eu, pobre garoto de uma cidade de interior de São Paulo, conhecia apenas o quintal de minha casa e o caminho que levava à escola. A vida devia ser seca também. Os carrapatos e as cargas de chumbo vinham de outras formas.

Mas, Dona Rosalina, que eu tanto admirava (me perguntava: será que um dia eu terei a cultura dessa mulher?), nos reservou outras tarefas também emocionantes: ler O conto da vara, de Machado de Assis; Admirável mundo novo, de Huxley (porque era o ano em que se gerava o primeiro ser humano por meio de inseminação in vitro ou, no vocabulário da época, um "bebê de proveta"); e o Conversa de bois, que está no meio de Sagarana. Esse último eu gostei tanto que li o livro todo, do Burrinho pedrês até o maravilhoso A hora e a vez de Augusto Matraga. Uau! - o melhor ficou justamente para o final.

Compartilho com o leitor o filme Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos, baseado no livro de Graciliano Ramos.


terça-feira, janeiro 24, 2012

A ética na política no episódio do Pinheirinho

Desde o último domingo, dia  22 de janeiro de 2012, vemos notícias sobre uma operação de reintegração de posse de uma área do município de São José dos Campos (veja aqui uma das notícias publicadas).
O acontecimento, em si, é complexo. De outro lado, os fatos são apresentados de forma a ativar nossos diversos sentimentos. Contudo, o lamentável disso tudo é ver um grupo enorme de pessoas extremamente vulneráveis pagar pela disputa eleitoral para o comando de um dos principais municípios de São Paulo e do Brasil.

O "dérbie" PT x PSDB travado em São José dos Campos mostrou a sua face cruel. Falou-se em tragédia humanitária. Não duvido.

É claro que é importante conhecer o método e os intrumentos que foram utilizados. Isto é, os trâmites judiciais e, nesse caso, o conflito entre ordens das justiças estadual e federal. Todavia, penso que o importante é deixar claro os fins de tudo isso. Tribunais, polícia, mídia são conduzidos de modo a provocar sensações que devem render votos no próximo mês de outubro. O que o que está por trás disso tudo é o clima de guerra de torcidas da disputa eleitoral entre os principais partidos brasileiros. Disputa que não se contenta em ser tragédia e se transforma em desastre.

Os protagonistas silenciosos desse espetáculo apenas aguentam a dureza da vida, agora um tanto quanto mais dura. A diferença é que, marca de nosso tempo, se passa como um reality show. Mostrada para ser utilizada como propagando eleitoral.  Oh admirável mundo novo!

O episódio do Pinheirinho deveria servir para discutirmos a ética na política. Mas, infelizmente, isso parece improvável. Então, oxalá que não haja outros Pinheirinhos.

domingo, outubro 16, 2011

Coração denunciador

Edgard Allan Poe é um dos meus escritores favoritos. 
Eis uma adaptação do conto Coração denunciador. Muito bom.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Desaparecimento do romantismo da motocicleta

Já fui motociclista.
Motocicleta é mais que um meio de transporte, é uma cultura. Pilotar uma  motocicleta desperta sensações únicas.
Motocicleta é uma máquina que apaixona. Eu sou atraído por motocicletas. Eu gosto de pilotar motocicletas.
Mas, eu não sei se, hoje, eu compraria uma moto ou conduziria uma delas.
Faz quinze anos que não piloto e percebo que o aquele sentimento romântico que estava associado à motocicleta parece que evaporou.
As ruas estão entupidas de motos. Ser motociciclista não é mais fazer parte de um grupo específico: daqueles que gostam de motocicletas.
Motos são veículos que transportam toda a sorte de gentes e coisas. Tornaram-se apenas meio de transporte.
Mas um meio de transporte extremamente perigoso. Sempre foi perigoso. Todo motociclista, se não viveu ele próprio um acidente, conhece algum companheiro que sofreu, pelo menos, uma queda.
Restringir a venda de motos vai contra as regras do livre mercado. É impossível. E, afinal, porque restringir a oportunidade das pessoas saberem como é bom pilotar uma motocicleta? Seria injusto.
Aumentar as exigências para habilitação do condutor. É uma medida necessária. Mas não é suficiente. Além do mais, há muitos que estão aí circulando sem habilitação. E, por mais que as autoridades fiscalizem (e isso é importantíssimo) muitos vão continuar impunes.
Restam as campanhas de conscientização como as dos vídeos veiculados pelo governo do estado de Pernambuco.
Os três vídeos fazem uso de imagens fortes, explorando o realismo. Procuram criar uma reação de causa e efeito: imprudência que leva ao acidente e que resulta em dor no que se acidenta e daqueles que se relacionam com ele. 
O princípio é o mesmo daquelas imagens estampadas nos maços de cigarro.
Essas campanhas são importantes, necessárias. Mas, precisamos mais. Precisamos de políticas públicas multisetoriais. Vou tentar sintetizar algumas delas:
- Oferta de transporte coletivo de qualidade - para o cidadão não ter a moto como alternativa barata e funcional para a sua necessidade de deslocamento;
- Ações no planejamento urbano e de trânsito para melhorar o fluxo de veículos e não fazer da moto o único veículo capaz de circular com rapidez;
- Incentivo à ações racionais no campo da logística para não tornar a moto o único veículo cargueiro viável;
- Fazer valer as leis de trânsito que já  existem e aperfeiçoar mecanismos para garantir a punição de quem não respeita a lei.
Mas, estamos diante de um problema complexo. Demandas, necessidades, pressões de mercado e, porque não, uma grande dose de irresponsabilidade individual e coletiva.
Pena que desaparece o romantismo associado à motocicleta. As imagens dos vídeos não deixam dúvida disso.



Motos (1) - Governo de Pernambuco from RGA Comunicação on Vimeo.



Motos (2) - Governo de Pernambuco from RGA Comunicação on Vimeo.



Motos (3) - Governo de Pernambuco from RGA Comunicação on Vimeo.

segunda-feira, setembro 19, 2011

A gente não quer só comida

No julgamento no Tribunal de Justiça de Minas Gerais sobre a legalidade da greve dos professores das escolas estaduais (em greve há mais de 100 dias) chamou-me a atenção o fato de o desembargador   relacionar entre os danos irreparáveis provocados pela greve o não fornecimento da merenda escolar: 
"(...)que nas comunidades carentes dos grotões mineiros, costuma ser o único alimento diário dos infantes, algumas vezes, mais atraídos pelo pão do que pelo ensino” (citado em matéria no jornal O estado de Minas Gerais - também foi publicada a integra da sentença)
Chama a atenção porque expõe uma relação de causa e efeito que se justifica a partir de valores que estão difundidos em nossa sociedade, vale dizer: considera-se que é a merenda servida na escola que atrai os estudantes pobres para as aulas. 
Ora, se vamos manter crianças dentro da escola por, no mínimo, quatro horas, seria desumano não prever a realização de alguma refeição. A merenda escolar (cujo nome oficial é Programa Nacional de Alimentação Escolar) não pode ser compreendida como uma simples ação de assistência ou mesmo um ato de caridade. Trata-se apenas de uma das responsabilidades decorrentes do desenvolvimento do trabalho escolar. Ou seja, a merenda é consequência da atividade escolar, não o contrário.
O problema que se passa em Minas Gerais não é fato de crianças não estarem recebendo merenda, mas sim de não haver aulas nas escolas.
Aliás, para além do caráter nutricional, seria muito bom que as escolas dessem à refeição servida o devido cuidado educativo. É em torno da mesa que os seres humanos celebram a vida e estreitam os laços tornando-se mais humanos. A refeição não é apenas a ingestão de alimentos, é um ato cultural.
Reconhecer isso tornaria mais rico o trabalho educativo. Mas, para isso, não podemos pensar que é por causa da merenda que os alunos vão à escola.

quinta-feira, setembro 15, 2011

Relação de causa e efeito como valor

Recebi um e-mail que fazia referência ao texto publicado num dos portais de notícias na internet (Linha dura é receita da 1ª colocada pública regular de SP no ENEM).
O texto merece uma discussão pois alinha elementos que, de forma recorrente, vem aparecendo em discursos sobre o tema da educação vinculados pela mídia.
A matéria tem como ponto de partida a escala hierárquica que anualmente é apresentada após a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Escala que apresenta em ordem decrescente as notas que, a partir de um ajuste estatístico, são atribuídas às escolas cujos alunos participaram da prova no ano anterior.
A apresentação desses resultados é amplamente explorada pela grande mídia e acaba atraindo a atenção de uma parcela da sociedade brasileira.
A comparação entre as notas de escolas públicas e escolas privadas é o ponto central. A tendência construída a partir da apresentação anual dessa escala é que os resultados das escolas públicas seja inferior aos das escolas privadas.
Mais recentemente, uma nova classificação vem sendo considerada: escolas públicas de maior e de menor desempenho. As primeiras - que acabam se equiparando ao grupo das escolas privadas - são, usualmente, as escolas técnicas federais ou estaduais, os colégios militares e as escolas de aplicação das universidades. São escolas que, em geral, realizam um processo seletivo para ingresso que considera o mérito escolar, desenvolvem atividades em tempo integral, que os professores trabalham em regime de dedicação exclusiva e possuem recursos pedagógicos à disposição para o uso no trabalho.  
As demais - chamadas, na matéria, de “escolas regulares” - são, em sua maioria, as escolas públicas estaduais que recebem qualquer aluno que requeira matrícula, cumprem apenas a carga horária mínima de aulas, que os professores são remunerados pelo número de aulas dadas e possuem poucos recursos.
Ou seja, foi criada uma nova hierarquia, agora, no interior do conjunto das escolas públicas.
A matéria se propõe mostrar a escola pública classificada como regular que obteve a melhor nota no ENEM. O texto leva o leitor a concluir que um aspecto específico do funcionamento da escola é determinante do resultado obtido na prova. De modo objetivo: que há uma relação de causa e efeito entre a chamada “linha dura” (expressão que está no título da matéria) da administração da escola e a nota no ENEM.  
É necessário lembrar que uma realidade é sempre resultado de uma multiplicidade de fatores. Portanto, a nota obtida por uma escola em uma avaliação como o ENEM não pode ser entendida como resultado de uma única dimensão, especialmente do que poderia ser chamado de uma forma de gestão da instituição.
Logo de início, o próprio texto faz uma menção muito rápida, ao fato de que a escola em questão faz seleção dos alunos ingressantes. Segundo a matéria, a escola recebe “os melhores alunos da rede municipal no último ano do fundamental". Logo, nesse aspecto, ela se iguala aos colégios militares e às escolas escolas técnicas federais e estaduais que fazem um exame para selecionar os ingressantes.
Contudo, vejo um outro aspecto que me desperta atenção e, principalmente, preocupação. Trata-se de uma visão que nós podemos nomear (tomando os devidos cuidados para não cairmos numa simplificação) de conservadora.
O aspecto central do sucesso dessa escola pública é apontado como o modo de funcionar que se caracteriza por uma rígida hierarquia que se funda na personalização da gestão. De um modo sintético: a escola é dirigida com "mãos de ferro" por uma diretora que possui características pessoais que resultam numa "ordem" do trabalho que leva a um resultado valorizado (notas do ENEM e aprovação em exames vestibulares).
O ponto central é justamente o caráter privado: a gestão da escola centralizada na pessoa da diretora e sendo essa pessoa portadora de uma missão que lhe foi atribuída em caráter privado (o cargo ocupado a partir de um convite feito pela secretaria de educação, há onze anos, em função de sua reputação). De outro lado, a racionalidade administrativa é reduzida às regras que visam a coerção que, pelo empenho pessoal da diretora, levam ao funcionamento em ordem. Não é por outro motivo que o texto cita entre as falas atribuídas à diretora da escola, as afirmações: “Outra coisa que não existe na minha escola..." ou “também não deixo usar boné e celular”.
Nada se fala do trabalho educativo desenvolvido na escola. Provavelmente, esse deve ser um dos principais elementos que diferenciam a escola das outras. Ou seja, o processo de ensino e aprendizagem que envolve professores, alunos, funcionários, pais e outros personagens desprezados na matéria.
Trata-se de um texto de grande apelo. Os elementos considerados e os juízos apresentados vão ao encontro de expectativas e entendimentos do senso comum. Agora, nós que somos profissionais da educação não podemos nos fiar pelo raciocínio que está presente no texto.
A leitura dele não pode ser apenas a das linhas mas dos motivos e dos valores que estão por trás delas.

domingo, setembro 04, 2011

A internet e a educação escolar

Quais as possibilidades da internet para o a educação escolar? Essa pergunta é muito importante. Eu tenho utilizado, desde de 2006, o ambiente virtual de aprendizagem MOODLE como auxiliar nos cursos que tenho ministrado. Além disso, me envolvi na oferta de cursos na modalidade educação a distância que utilizam tais ambientes virtuais de aprendizagem.

Apesar de fazer uso do computador, inclusive com recursos baseados na internet, julgo que ainda nos guiamos pelas referências dadas pelas tecnologias convencionais. Ou seja, pelas formas usuais do trabalho escolar que se estabeleceram ao longo do século XIX.

Observo, por exemplo, que é muito comum fazer uma simples transposição dos materiais e das atividades comumente utilizados nas aulas convencionais para dentro de um ambiente virtual de aprendizagem. Mas, isso representa apenas uma das possibilidades de emprego dos recursos. Pode  ser um passo importante (e até interessante) na medida em que permite um melhor registro de conteúdos, melhora a comunicação, etc.(como auxiliar no ensino dito presencial). Mas, a internet possuí potencialidades que considero que ainda não foram bem delineadas no que se refere aos aspectos pedagógicos dos recursos disponíveis.

O uso, na educação, do computador e das tecnologias de informação e comunicação que estão reunidas (ou são potencializadas) em um ambiente virtual de aprendizagem operado na internet, requer uma abordagem pedagógica própria. Passar a utilizar esses recursos representa mais do que uma simples adesão aos condicionantes técnicos destes.  Requer um tratamento metodológico apropriado. Há sempre o risco de subutilização dos recursos disponíveis ou do emprego inadequado ou mesmo incorreto considerando os critérios pedagógicos.

Estamos, por outro lado, dentro de um processo que transcorre num período tão curto e recente. O vídeo abaixo nos mostra como os diversos recursos hoje comuns - alguns até considerados já antigos - (como os blogs) surgiram faz poucos anos.

Isso, dentro da história, é muito pouco tempo. Nós professores ainda teremos muito o que aprender para darmos efetividade às promessas que as tecnologia de informação e comunicação colocaram para o setor da educação.


quarta-feira, agosto 31, 2011

Como se constrói um fenômeno de mídia?

De início já deixo claro que sou um ignorante completo em relação a esses eventos que, vejo aparecer em chamadas nos portais da mídia (UOL, Globo, etc. ) designados como UFC.

Dia desses, movido mais pela curiosidade de saber o que é isso (sabia que era um tipo de luta, mas nada mais), matei minha curiosidade lendo o verbete UFC na Wikipedia (ao procurar o termo nos deparamos com uma desambiguação - Universidade Federal do Ceará ou Ultimate Fighting Championship). 

Acho que fiquei razoavelmente informado com o que li. Mas a  informação não me moveu no sentido de sentir vontade de ver a transmissão de uma dessas lutas (nem procurar no You Tube algum vídeo).

Fiquei me perguntando, porém, o que atrai as pessoas para ver tais disputas. Apesar de ninguém do meu círculo de convivência familiar ou profissional, nem meus amigos, falar sobre tais lutas, percebo  que há interesse de muita gente. Como eu disse, as lutas tem chamadas em destaque nos portais na internet.

Hoje, no blog do Luís Nassif, vi que já há uma disputa entre emissoras de TV para transmitir tais eventos. O comentário de um dos leitores parece que me deu uma pista. Ele fala que o modelo das luta atrai aqueles que estão acostumados com os "consoles radicais". Ou seja, os jogos eletrônicos criaram um mundo próprio que agora os seres humanos tentam mimetizar nesses confrontos realizados em um ringue octogonal. Pode ser, é uma hipótese que me parece plausível. Mas, ainda tenho dúvidas.

George Canguilhem afirma em uma de suas obras que as interpretações sobre o funcionamento do corpo humano incorporaram, na modernidade, os modelos de funcionamento das máquinas, sendo que essas, antes, foram construídas tendo o corpo humano como referência. Será que que há um paralelo no caso desses combates? O virtual, que procura reproduzir o ser humano, mas um ser humano que não tem limites físicos, serve agora de modelo para criar uma atividade realizada por seres humanos de verdade?

Continuo sem vontade de ver as tais lutas. Mas entender como se constrói esse fenômeno midiático é interessante.