quinta-feira, outubro 19, 2006

É isto que afirmam ser moderno

Foi publicado hoje no site do UOL uma matéria sobre a a exploração do trabalho na China. Trata-se de um texto de Gabor Steingart, editor da publicação alemã Der Spiegel.
Para aqueles que estudam a problemática do trabalho pode não ser novidade o que Steingart apresenta. Contudo, considero importante a divulgação visto que a China (e agora a Índia) vem sendo apresentada pelos diversos formadores de opinião como o modelo a ser seguido para o sucesso econômico.
De um lado, o mundo é inundado de produtos made in China. Tudo muito barato. O país cresce a taxas próximas ou superiores a 10% ao ano. De outro, ouve-se dizer que a moeda chinesa está desvalorizada artificialmente e que, em caso de um ajuste do seu valor, a economia mundial vai viver um terremoto.
Mas, o que pouco se fala é nas condições reais que estão fazendo com que capitalismo chinês seja um sucesso. Ou seja, da realidade da exploração do trabalho na China.
O autor inicia mostrando que, na Europa, hoje, o Estado atua no sentido de redistribuir parte da riqueza gerada pelo capitalismo. Por meio de impostos o Estado se apropria de parte do que é socialmente produzido e implementa as políticas sociais. Deste modo, os que estão em condição de produzir trabalham e os que não conseguem se manter pelo trabalho (as crianças e os que perderam a capacidade de produzir) recebem subsídios do Estado. Além disso, o Estado protege o trabalho por meio deregulamentação e políticas públicas.
Na China, por sua vez, o trabalho não é protegido e as condições de vida e de trabalho naquele país são tão ou mais terríveis do que aquelas que existiam na Europa nos tempos da revolução industrial.
Essa deterioração das condições de trabalho são evidenciadas na natureza dos contratos de trabalho - temporário -, pela falta de políticas sociais de compensação dos trabalhadores, a exploração do trabalho infantil, condições perigosas e insalubres de trabalho, entre outras.
Enfim, na China, o Estado não impõe limites para a exploração do trabalho pelo capital. Reside aí a estratégia que garante o grande sucesso empresarial.
Pode-se, entender, então, porque muitos empresários brasileiros e seus agente apontam a China como modelo a ser seguido.
(Referência: Na ânsia de exportar, a China coloca os lucros acima da vida humana -- se você é assinante do UOL e que ler o texto citado click aqui)

sexta-feira, outubro 13, 2006

Experimentar é preciso

O título deste blog é uma citação. Está no Discurso Preliminar da Enciclopédie editada por Diderot e D'Alembert no século XVIII.
Os editores mostravam como conduziram os seus trabalhos e, particularmente, da dificuldade que foi o tratar dos chamados ofícios mecânicos. Tomados como simples em comparação com as ciências, mostraram-se impossíveis de serem apresentados segundo a forma desta.
Ao descrever a dificuldade, os editores afirmam que "numa oficina é o momento que fala e não o artista".
Os editores demonstram que não era possível alcançar plenamentea atividade do artesão com os recursos do discurso. Que a razão não abarcava a complexidade do fazer com as mãos.
A situação problemática que se colocava era mostrar o que não era previsível, pois só revelava no tempo em que acontecia e em função da oportunidade.
É neste sentido que nos colocamos o desafio de experimentar o que não está previsto e que só nos aparecerá ao enfrentar esta experiência.
Os operários moldavam as formas materiais.
Seremos habéis para moldar o discurso?