domingo, março 13, 2011

Museu de Rio Claro: será que o fogo não veio do céu?

Fui à Rio Claro (SP) no carnaval e tive uma triste surpresa. Um incêndio consumiu o prédio do Museu Histórico Pedagógico Amador Bueno da Veiga. Já se trata de uma notícia antiga. Afinal, o acontecimento se deu na madrugada do dia 21 de junho de 2010 (clique aqui para ver a notícia na página do Jornal Cidade de Rio Claro).
Quando soube do fato fiquei logo pensando na dimensão da perda. O prédio, por si só, possui um valor imenso. O acervo era grande e variado. Enfim, pensar que tudo aquilo havia sido queimado me deixava muito triste.
Agora, lendo as notícias sobre o fato, descobri que, pelo menos uma parte do acervo não se perdeu. Isso porque o prédio do museu estava fechado para a visitação na medida em que passava por um processo de reforma. Esta, por sua vez, parece que era descontínua e não tinha perspectiva de conclusão. Mas, de todo modo, ainda não ficou claro para mim a extensão da perda do acervo.

Quanto ao prédio, visitei as agora ruínas do mesmo. A foto abaixo dá uma ideia do seu estado.


Uma comparação com uma foto tirada logo depois do incêndio (veja a foto) nos dá mostra que a parte superior parede da face da porta de entrada do prédio (na avenida 2), assim como de uma das laterais ruíram posteriormente (ou foram demolidas). Do mesmo modo podemos ver que a outra parede lateral (que dá para a rua 7) e a dos fundos do edifício estão sustentadas por meio de um escoramento. Em consulta ao noticiário li que o prédio será restaurado. Esperamos que sim. Mas isso parece ainda incerto.
Chamou-me ainda a atenção um vídeo postado no YouTube que mostra o incêndio e, inclusive, a chegado do Corpo de Bombeiros. Pode-se reparar que o incêndio ocorre no pavimento superior e no telhado.



Encontrar as causas de um incêndio não deve ser uma coisa muito fácil de fazer. As notícias que apurei apenas relatam que a polícia iria investigar. Ao mesmo tempo, no terreno da retórica da disputa política, diversos atores apontam o dedo para este ou aquele responsável. Evidentemente, os ocupantes dos cargos públicos de mando do executivo são os alvos mais comuns: prefeito, secretários, etc. Na Câmara dos Vereadores não foi diferente.
Isso é irônico na medida em que anos atrás, um vereador, defendendo a suposta modernização da cidade se fez fotografar diante de uma edificação antiga com uma marreta nas mãos - uma residência que acabou sendo misteriosamente consumida por um incêndio tempos depois.
Mas, o que vi no vídeo me faz lançar uma hipótese sobre a causa do incêndio. Acredito que ela é bastante razoável. Penso que o fogo veio de cima e caiu sobre o telhado. De modo objetivo: um balão de ar quente caiu sobre o telhado e deu início ao desastre.
Os motivos que me fazem pensar assim são os seguintes:
1) O fato ocorreu em junho - mês que tradicionalmente muitas pessoas cultuam o hábito (irresponsável) de soltar balões por conta das tradições do período festas juninas.
2) O incêndio ocorreu em Rio Claro - e esse é motivo mais forte.
Morei diversos anos naquela cidade. Muitos balões podem ser vistos flutuando no céu daquela cidade. Posso afirmar que há uma tolerância e um descaso da sociedade de Rio Claro em relação ao fato de que muitas pessoas soltam balões. É, praticamente, uma tradição - nem sempre lembrada - na cidade. Há grupos organizados que soltam grande balões durante o ano todo - inclusive carregando cargas de fogos de artifício que são detonados durante o voo. E, há um inumerável contingente de pessoas de todas as idades que soltam pequenos balões especialmente ao longo dos meses de maio, junho e julho.

Apesar de ser comum a prática de soltar balões e a sua maior incidência ocorrer nos meses mais secos do ano, nunca vi, durante o tempo que morei em Rio Claro, uma ação no sentido seja de coibir, seja de evitar por meio da conscientização que as pessoas soltem balões.
Isso, evidentemente, não exime de responsabilidade os administradores públicos. Contudo, é preciso salientar que a sociedade como um todo é também responsável. Viver sob o risco de incêndio por conta de um costume de pessoas irresponsáveis e não fazer nada é aceitar, enfim, ser irresponsável também.