terça-feira, novembro 02, 2010

Batalha campal virtual

Hoje, observei com curiosidade o que vou denominar de uma batalha campal virtual. Na verdade esse confronto não se deu apenas hoje. O fato de ser um feriado, por outro lado, parece que potencializou a dita batalha.
Acompanhava as notícias nos portais da grande mídia, em especial as notícias a cerca das articulações políticas pós eleições, no plano federal. No portal UOL, do grupo do jornal Folha de S. Paulo, uma notícia sobre nomes que podem compor o ministério de Dilma. No portal do jornal Estado de S. Paulo um interessante mapa da eleição mostra o percentual de votos de cada candidato no segundo turno em cada município - mapa é pintado de vermelho (se Dilma venceu) ou de azul (se Serra venceu). Como no Google map, é possível aproximar ou afastar. Ao colocar o cursor sobre o mapa aparece o nome do município e o percentual de votos de cada candidato (clique aqui para ir para a página - há ainda outras informações e os mapas com resultados por bairros nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro).
Mas, o que acabou me chamando a atenção foram os comentários de leitores. Era aí que acontecia o que chamei de batalha campal virtual. Provocações, ofensas, gritaria (sim porque a caixa alta - que no mundo virtual foi convencionado como falar alto - imperava), rancores, escárnio, preconceito, tudo isso estava presente.
Manifestações que revelam ódio e sentimentos primários. O mundo virtual se transformou num lugar de confronto violento, insano, desregrado. Apesar disso, interessante observar, nesse caso, dois aspectos:
1) percebe-se uma divisão dentro desse segmento que, numa imensa simplificação, poderíamos chamar de classe média - representada por esses personagens que, na manhã de um feriado, sentam-se diante do computador e constroem discursos inflamados a cerca dos resultados da eleição e das perspectivas para a política no plano federal em 2011. Não se trata, portanto, de um país dividido - como eu li alguns dias antes da eleição - mas de uma fração de classe social que está dividida.
2) essa fração de classe social é escolarizada, possui recursos materiais e tem acesso às tecnologias de comunicação e informação que permitem que seus membros participem do mundo virtual - mais especificamente dessa praça pública que são os comentário de matérias nos portais de notícias - movidos pela paixão, reduzem o debate à isso que chamei de batalha campal virtual.
É um interessante fenômeno para ser estudado na medida que se trata de uma forma moderna de enfrentamento no campo político - pelo menos no diz respeito ao discurso político.
Agora, interessante saber o que move o indivíduo num confronto como esse. Aliás, um confronto sem face a face. Em tese é possível, inclusive, agredir alguém que, no mundo real, nos parece (ou é) simpático. Isso porque não há garantia de identificação. Assim, um comentário agressivo pode ser dirigido, sem saber, ao meu vizinho que toma o elevador comigo, ou a alguém da minha família.
Muito se tem dito sobre a grande potencialidade que a internet traz para o mundo da político decorrente da ampliação dos espaços de participação as discussões. Contudo, não podemos nos esquecer da possibilidade, como observamos no Brasil hoje, dessa batalha campal virtual que, como observamos, esvazia o debate.

Um comentário:

Prof.Alberto disse...

Olá Paulo! Interessante,mas também acontecem sangrentas batalhas virtuais sempre que surgem outros temas polêmicos.Entristece-me bastante constatar,muitas vezes,que além de um português em farrapos aliado a uma argumentação miserável,acontecem tentativas autoritárias de imposição de pontos de vista. Palavrões e intimidações são bastante comuns.
Será que agora,a regra é perder ou fazer perder a razão para se ter alguma razão?
Basta procurar temas como;darwianismo x inteligent design,pena de morte,proibição ou não de drogas entre outros. Encontraremos pequenas e grandes batalhas virtuais ao que parecem eternas.

Grande Abraço!